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Como fazer uma Descrição de Cargo?



O primeiro passo, que facilita bastante, é separar o documento em "setores": endereçamento, responsabilidades e requisitos. Você pode entender um pouco mais sobre esses blocos da Descrição de Cargo neste artigo aqui. Isso ajuda bastante a organizar o documento e separá-lo de acordo com cada dificuldade. O endereçamento é o mais tranquilo, não tem muito segredo. A questão principal fica com o título do cargo. Precisa ter uma certa noção de mercado e, às vezes, até dar uma pesquisada com RHs e empresas do mesmo setor para dar o nome mais adequado. E nesse caso, o nome mais adequado é aquele que quem está fora reconhece o que o cargo faz, e quem está dentro se identifica com aquele nome.

O principal bloco e mais complexo fica com a responsabilidade. Quem já tentou descrever uma função, sabe o que estou falando: buscar palavras pra traduzir um processo, encontrar o verbo que dá o tom daquela tarefa, ter que caçar sinônimo pra não ficar repetitivo... Caos na Terra. Existem algumas técnicas que ajudam a elaborar um descritivo de forma mais tranquila e menos sofrida, e são praticamente todas advindas das nossas aulas de língua portuguesa da infância e adolescência.




Um descritivo de função, normalmente, vai ser uma frase iniciando com um verbo no infinitivo, indicando a ação daquela responsabilidade. Essa ação costuma indicar o peso do cargo. Por exemplo: cargos mais operacionais, vão apresentar ações como executar, atualizar, operar, movimentar, fazer, atender. São verbos que indicam uma ação mais objetiva. Já os cargos técnicos e administrativos, costumam ter verbos como controlar, analisar, desenvolver, elaborar, gerar, apresentar. Trazem ações genéricas, que precisam de um complemento mais elaborado. Enquanto isso, posições de liderança vão ter ações como gerir, administrar, coordenar, gerenciar, ser responsável por. São verbos que indicam uma gestão de um processo, de algo ou de pessoas.

Depois do verbo vem o quê. Isso mesmo, o quê o cargo faz? Opera o quê? Controla o quê? Coordena o quê? Esse é o complemento que indica o objeto de trabalho daquela ação. Por fim, vem o "como faz", que sempre vai iniciar com um verbo no gerúndio. Acho que exemplificando fica mais fácil entender:

"Atender os clientes, entendendo sua solicitação e buscando a solução adequada."

Este poderia ser um descritivo de algum cargo na linha de frente do atendimento, como Atendente ou Vendedor. Perceba que há uma subjetividade no como faz. Pode ser mais específico, mas cabe a empresa e ao RH ditar qual o grau de detalhamento a ser dado para o descritivo. Minha recomendação é ser sempre pouco detalhado, porque quanto mais específico for, maior a necessidade de atualização. Vamos a ao segundo exemplo pra entender isso:

"Atender os clientes da loja física, dando bom dia, perguntando se pode ajudar, ouvindo qual o produto o cliente quer, separando-o e encaminhando o cliente ao caixa."

Agora, pensa na quantidade de processos que podem variar nesse descritivo, até no mesmo dia. E se o cliente liga, não atendo? E se esquecer de dar bom dia, não estou cumprindo minha função? E se o cliente não precisar de ajuda, paro meu trabalho? E se ele quiser ver mais produtos? A diretriz, nesse caso, é que quanto mais engessado for o descritivo, menos fator humano vai existir. E lembre-se: quem ocupa o cargo é uma pessoa.


Por fim, chega a parte dos requisitos. Normalmente, consideramos os seguintes campos:


- Escolaridade: aponta o nível de formação exigido para que consiga cumprir as funções para o cargo e, caso envolva curso técnico, superior e formações acima (pós, mestrado, etc), vale especificar o tipo de curso também.


- Experiência: traz as áreas ou funções que a empresa recomenda que a pessoa tenha para poder assumir o cargo. Importante reforçar a importância da recomendação, pois segundo o Art. 442-A da CLT, a empresa não pode exigir comprovação de mais de 6 meses de experiência no mesmo tipo de atividade. Pode ser inserido, sim, tempo mínimo maior que 6 meses na Descrição de Cargo, mas é altamente recomendável que não especifique esse tempo de experiência no mesmo cargo, pois pode entrar em conflito com a lei.


- Idioma: caso o cargo precise de domínio em outro idioma, vale especificar. Também é importante pensar se na empresa tem esse tipo de demanda, pois se for algo distante da realidade da organização, nem precisa contemplar este campo.


- Certificações: importante considerar caso o cargo precise de algum tipo de comprovação técnica específica, como CNH, cursos de NR, registro profissional (OAB, CRM, CRC, etc), entre outros.


- Competências: aqui, podemos considerar as habilidades e conhecimentos que o cargo vai exigir. Não precisa considerar atitudes, como proatividade, disposição, comprometimento e afins. Atitudes são da pessoa, e aqui estamos interessados nas condições do cargo. Precisa entender e saber diferenciar atitudes de habilidades: gestão do tempo, planejamento e controle, negociação, são habilidades comportamentais e bem-vindas para o documento. Já o conhecimento, vale desde Pacote Office até processos administrativos de determinada área.

Estes não são os únicos campos e longe de ser uma verdade absoluta sobre Descrição de Cargo. O mais importante é avaliar a realidade da empresa e o que é coerente considerar para o documento. Fazer uma Descrição de Cargo para não ser efetiva ou utilizável, é dispender de um tempo longo de dedicação para algo que acaba ficando na gaveta. Resumindo, um descritivo power vai ser aquele que todos consigam entender o que o cargo faz, onde as funções entram no processo produtivo e administrativo da empresa e, ao mesmo tempo, que consiga incluir a subjetividade humana.

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